segunda-feira, 23 de maio de 2011

A guerra de números: Greve no Centro Paula Souza

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A guerra de números: Greve no Centro Paula Souza

22/5/2011 19:40,  Por CMI Brasil
Por Projeto Monjolo 22/05/2011 às 22:26
Você não ouviu nada a respeito? Então parabéns, você é mais uma vítima da guerra de números e mídias.
Uma maré estranha parece ter vindo do Egito e desaguado na estação Tiradentes do metrô de São Paulo. Calma, não se trata de um tsunami mediterrâneo. Refiro-me à batalha de informações que tomou conta da greve das Escolas Técnicas e Faculdades de Tecnologia do Centro Paula Souza.
Você não ouviu nada a respeito? Então parabéns, você é mais uma vítima da guerra de números e mídias.
Vamos do começo, para que tudo faça sentido depois.
Vale a pena desfazer de partida um equívoco: as escolas e faculdades técnicas do estado de São Paulo não são vinculadas à Secretaria de Educação. Portanto, o famoso aumento de 42,2% veiculado na mídia recentemente não vale para elas .
O Sindicato dos Trabalhadores (SINTEPS) do Centro Paula Souza (CEETEPS, o órgão que gerencia as ETECs e FAtECs no estado de São Paulo), disparou um movimento de greve após alguns meses de negociação que deram em nada. Apenas após o início da mobilização, há pouco mais de duas semanas, e a fixação do calendário para uma primeira semana de mobilização, que os órgãos competentes do governo começaram a sinalizar com ?agradinhos? para os professores, numa tentativa de acalmar os ânimos (o cálculo que decide quais escolas recebem o Bônus anual foi revisto e incluiu várias unidades que ficaram de fora do pagamento; o governador anunciou um aumento de 11% para os professores do CEETEPS). As tentativas do governo para abortar a greve ficaram, no entanto, muito abaixo da expectativa dos profissionais daquela rede (conforme a pauta de reivindicações do SINTEPS), e em verdade reforçaram o espírito de paralisação ao invés de controlá-lo.
Foi a partir daí que começou a guerra silenciosa, com tiros de twitter e e-mails bomba. Seria injusto dizer que a mídia não noticiou o evento. A Carta Capital publicou uma excelente matéria sobre o assunto às vésperas da greve , seguido por diversos jornais de menor fama (apesar da maior responsabilidade) na capital e interior do estado (como ?A Hora do povo?, ?A Tribuna?, ?CBN Campinas? e ?Cruzeiro do Sul? por exemplo) e, por fim, algumas tímidas menções do evento no grupo Folha (através do UOL ? Educação) e no Estadão. Em resumo, se o ?centro de excelência?, a ?menina dos olhos? da educação pública em São Paulo (palavras de representantes do governo, como visto , entrou num movimento de greve, como é possível que na capital paulista a impressão seja de que nada está acontecendo? Expliquem isso, jornalistas?
Nos bastidores do mundo real, também conhecido como Internet, a divulgação do evento não é tão modesta assim. A despeito da falta de cobertura da grande mídia, as redes sociais contabilizam milhares de mensagens sobre o assunto. A hashtag (rótulo usado para identificar assuntos no twitter) #circopaulasouza figurou durante horas como um dos assuntos mais mencionados do Brasil na noite de quinta feira, 12 de maio (véspera da greve), e acabou virando símbolo da luta, estampados em cartazes e reutilizado em blogs e montagens gráficas de apoio ao movimento dos trabalhadores. Outras hashtags, como #greveetec e #grevefatec estão em uso pelos internautas, neste momento, para indexar e facilitar a circulação das informações, bem como demonstrar o apoio ao evento. Diversos blogs foram criados para divulgar notícias sobre a greve pelas comunidades escolares locais como o ou passaram a publicar tais notícias, reconhecendo sua importância como . O Facebook também já possui várias contas de internautas com formulários de eventos, nos quais os visitantes se cadastram para mostrar o numero de pessoas a favor da mobilização e confirmar sua presença nos atos previstos pelo sindicato. O serviço Youtube já conta com várias videotecas de eventos relacionados à greve como este , e a TVT (se você não sabe o que é, que foi a única rede de televisão presente no ato de lançamento da greve, disponibilizou sua matéria em vídeo no conteúdo da página .
Mas como nem tudo é Geraldo Vandré nesta vida (não é mesmo, governador?), a superintendência do CEETEPS também fez bom uso da rede mundial no movimento contra a greve, divulgando através dos diretores das unidades e-mails com números questionáveis, travestidos de ?números reais sobre a greve?.
Que provavelmente foram calculados assim
O fato é que o CEETEPS tem 246 unidades espalhadas pelo Estado inteiro. A sensação de isolamento dos profissionais e a falta de contato entre as unidades favorecem as notícias que vêm de um canal oficial. Mesmo quando essas notícias desafiam a matemática básica (o que pode ser visto no e-mail ceeteps greve 2011), conforme divulgado pelo Sinteps , e principalmente .
E eis que temos um momento privilegiado para pensar nas mídias digitais pós ?efeito Egito?, acontecendo no nosso quintal. Numa só tacada, a greve do CEETEPS evidenciou, para quem achava que isso fosse privilégio do mundo árabe, a importância das redes sociais da internet, tanto a favor quanto contra os movimentos de reivindicação popular.
Os próximos capítulos desse verdadeiro romance digital sugerem uma ponta de esperança num final feliz, já que o governo reconheceu o peso do movimento e abriu espaço para negociação com os grevistas (é sério, .
URL:: http://projetomonjolo.com.br/?p=438&preview=true

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